Como será descobrir a parte em nós que é eterna, imortal?
Será mesmo preciso tanta vela, incenso, água no choco, tambor na surdina? Chamar os guias, reverência, vidas passadas, talismãs? Limpeza astral, perdão coletivo, individual, ser perdoado também, por tudo, até por si mesmo?
Alquimias, mantras, pedras raraas, gente preciosa sem futuro (porque o passado já era mesmo, e nem era tudo isso), archotes ardendo, flores, mel, nudismo libertário? Viagem xamânica uma vez por mês dentro do parque florestal bagaceira no centro da cidade, encontro com a família estelar, saudação pra lua, pro fogo, pra chuva, pro caralho a quatro? Será preciso projetar nossa sensibilidade em tudo quanto é folha que cai na hora de um pensamento, em canto de bem-te-vi sobre a cerca, achar sinais até na formiga morta sendo levada pelas irmãs? Massoterapia com amigas em depressão, roda de macumba branca pra assustar os vizinhos, supertição na contagem de urubus no céu (um é gosto, dois é desgosto, três é casamento), runas, tarô cigano, i-ching e mapa astral pela internet, livro secreto de magia maldita, cheia de nomes impronunciáveis, maçã para gnomo, folha de palmeira pra fada feita de durapox, leite para criança chorando. E haja leitura esotérica, leitura de mão, de signos e senhas, de sonhos que se repetem, objeto que cai da parede (e nada de varrer os cacos pra filha não furar o pé, aí a menina se machuca e é tudo inveja dos outros), barulho na área de serviço (fantasma ou demônio?), comprar um telescópio caríssimo esperando extraterrestre aparecer pra dizer as verdades vindouras, futuras (e depois não ter dinheiro pra beber com os amigos e é tudo inveja dos outros). E reler todos os símbolos escondidos no Juízo Final, esperar 2012, rezar, orar, meditar, transcender (e comprar mais um dicionário pra saber escrever a mesma coisa com diversos nomes), descobrir a dança pessoal, a interpessoal, a transpessoal, a multipessoal, a caralhopessoal!, e buscar, almejar, querer, desejar, pedir, clamar, implorar, insistir (viu como funciona o dicionário?).
Ou só uma caminhada miúda sob o sol das cinco basta?...
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